São Peregrino Laziosi (1265-1345)
Peregrino
pertencia à família dos nobres Laziosi. Nasceu na cidade de Forli, no norte da
Itália, no ano 1265. Cresceu em meio a uma população conhecida pelo espírito
reacionário e anárquico. Tornou um jovem idealista, de caráter intempestivo,
recebendo o apelido de "furacão".
Certa
ocasião, ocorreu um incidente grave num dos tumultos populares freqüentes,
porque a população se dividia entre os que apoiavam as ordens do papa e os que
preferiam seguir as do imperador germânico. Foi quando a cidade recebeu um
interdito do papa Martino IV, como castigo pelas desordens e atitudes rebeldes.
Houve séria reação entre as partes. Para acalmar os ânimos, o papa pediu ao
superior geral dos servitas, futuro santo Filipe Benicío, que estava no
mosteiro da cidade, para agir em seu nome e apaziguar os fiéis.
Era
uma tarefa delicada. Filipe, então, usando o púlpito da igreja, fez um discurso
fervoroso solicitando a todos que obedecessem ao sumo pontífice. Foi quando um
grupo liderado por Peregrino, então com dezoito anos, o ameaçou de agressão. O
jovem foi mais longe, chegando a dar-lhe um tapa no rosto. Filipe aceitou a
ofensa. Depois, Peregrino, mobilizando a população com gritos, fez com que
fosse expulso da cidade.
Filipe
saiu humilhado, mas rezando firmemente pela conversão dos agitadores e
principalmente pelo jovem agressor. Deus ouviu sua prece. Peregrino, caindo em
si, sentiu arrependimento, vergonha e remorso. Ficou tão angustiado que, dias
depois, foi procurar Filipe, para, prostrando-se a seus pés, pedir perdão.
Naquele
instante, Peregrino estava convertido realmente. Mais tarde, aos trinta anos,
ingressou na Ordem dos Servos de Maria, os servitas, como irmão penitente. A
tradição diz que foi o próprio Filipe que entregou o hábito a Peregrino. Mas o
certo foi que ele enviou o arrependido agressor para fazer o noviciado em Sena.
Só depois voltou para Forli, onde, no mosteiro, exerceu o apostolado do bem
semeando a paz.
Peregrino
distinguiu-se pela obediência ao regulamento, pela penitência e mortificação.
Durante trinta anos, cumpriu uma penitência imposta a si mesmo: ficava sempre
em pé, nunca se sentava. Quando atingiu os sessenta anos de idade, devido a
isso, tinha uma ferida cancerosa na perna direita, causada por varizes.
Era
tão grave seu estado de saúde, que o médico receitou a amputação da perna, para
salvar sua vida. Porém, na véspera da operação, Peregrino acordou, subitamente,
no meio da noite e sentiu que devia ir rezar na capela diante de Jesus
Crucificado. Assim fez: com muito esforço para caminhar, ajoelhou-se e rezou
com fervor pedindo que Cristo lhe concedesse a graça da cura. Foi envolvido por
um êxtase contemplativo tão profundo que viu Jesus descer da cruz e tocar sua
ferida. Uma vez refeito da visão, voltou para o leito e adormeceu. Na manhã
seguinte, o médico constatou que havia ocorrido um milagre. Peregrino estava
sem nenhuma ferida, Jesus o havia curado.
O
milagre só fez aumentar a veneração que os habitantes da cidade já lhe
dedicavam. Peregrino morreu no primeiro dia de maio de 1345, vítima de uma
febre. Durante seus funerais, dois milagres ocorreram e foram atribuídos à sua
intercessão. Seu culto se estendeu pelo mundo todo rapidamente, pois os fiéis
recorrem a ele como padroeiro dos doentes cancerosos.
Em
1726, foi canonizado pelo papa Bento XIII, sendo o dia de sua morte o indicado
para celebrar a sua memória, quando também se comemora são José, Operário. Por
isso sua festa pode ocorrer nos primeiros dias do mês de Maria. A relíquia do
manto de são Peregrino Laziosi é conservada à veneração dos fiéis brasileiros
na igreja de Nossa Senhora das Dores, no bairro do Ipiranga, em São Paulo.
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