A corrida de beneficiários mostrou
uma eficiência inusitada da Caixa.
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Qualquer que seja a sua origem, a onda de boatos relativos ao programa “Bolsa Família” que levou muitos milhares de brasileiros pobres aos caixas eletrônicos da Caixa Econômica Federal em vários estados do país, do último domingo até esta terça-feira, 21, hoje, ensejou a exibição, pela instituição financeira, de um sistema de prontidão que jamais qualquer outra corporação tenha condições de mostrar em qualquer parte do mundo.
A
principal particularidade do episódio está no fato de os boatos só terem
circulando junto a duas comunidades – a dos beneficiários do “Bolsa Família” e
benesses similares e aos mandantes da Caixa Econômica Federal. Muitos usuários
diaristas da internet e ouvintes de rádio com os quais conversamos a respeito
constataram que, estranhamente, a boataria desviou esses canais de comunicação,
chegando, não se sabe como, à base da pirâmide econômica e social do país sem
que outros segmentos populacionais a conhecesse até à hora em que o governo
começou a divulgar a adoção de providências emergenciais.
Foi
a grande orquestração de providências, porém, o que mais chamou atenção na
“reação” governamental, que mostrou uma Caixa Econômica ágil e eficiente como muitos não a conheciam, a executar verdadeira operação de guerra para a qual a sua estrutura, até então, mostrava-se paquidérmica.
Normalmente, gerentes, superintendentes regionais e
diretores da Caixa Econômica somem de seus espaços de trabalho no final da
tarde da sexta-feira, para só reaparecer na manhã da segunda-feira.
Neste
fim de semana, porém, muitos deles estavam prontinhos, de paletó e gravata,
para conceder entrevistas à televisão mostrando a acorrida dos beneficiários
dos programas sociais aos terminais eletrônicos da instituição e,
principalmente, a pronta resposta fornecida por um governo federal normalmente
caracterizado pela insensibilidade e, principalmente, pela lerdeza. Para se ter
idéia, ainda não chegou ao Rio Grande do Norte um grão sequer das 26 mil
toneladas de milho para alimentar o gado que a presidente Dilma Rousseff
anunciou para dali a poucos dias, no final de março, durante encontro com os
governadores dos estados castigados pela seca.
Mais
surpreendente, ainda, foi a logística que em pouquíssimas horas garantiu ao
governo suprir de estoques de cédulas os caixas eletrônicos demandados pela
clientela do “Bolsa Família”.
Trata-se
de operação dificílima, que exigiria muito esforço extraordinário dentro e fora
da Caixa Econômica, considerando-se a necessidade de recolher o dinheiro,
enviá-lo a umas dez capitais de estados e a partir de centrais da corporação
aos diversos caixas eletrônicos. Imagine-se apenas quanto esforço foi despendido
para tirar de casa as equipes mobilizadas por esse trabalho. Em Natal,
conversas com funcionários de empresas do ramo dizem que nenhuma foi mobilizada
de última hora para estes transporte e reposição de estoques.
O
fato de esse dinheiro haver chegado aos terminais quebrados por pobres
transformados em turbas sem ensejar nenhum ataque aos carros-fortes e aos três
ou quatro homens que tripulam cada um destes é só um milagre Divino num país em
que assaltantes matam por causa de celulares mixurucas que nem o meu.
Coisa
parecido com ação de aloprados, esse episódio despertou a curiosidade de
pessoas que agora vêem nele algo adredemente preparado para a qualquer minuto
um ministro ligado a Dilma se antecipasse a investigações policiais e apresentasse
logo os culpados, ou seja, os de sempre, a oposição, as elites.
Capaz de desviar a atenção popular de vários outros assuntos, como a tentativa de passar uma borracha na história do "Mensalão", a operação "Corrida à Caixa" pode ter sido mero balão de ensaio a ser reproduzido, em escala maior,
em momento mais adequado, como, por exemplo, em plena campanha presidencial do
próximo ano.
Postado
às 23h10m de terça-feira 130521.
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P.S:
peço desculpas aos leitores pela falta de postagem desde o último domingo, 19,
anteontem. Decorreu de motivos inteiramente alheios à minha vontade.
Fraternalmente,
Roberto Guedes.
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