João Maria: grande cidadão, grande médico, grande em tudo.
Tende
a ser levado neste início de tarde de Natal para Recife, onde será cremado, o
corpo do oftalmologista João Maria Monte, durante muitos anos presidente do comitê de
ética do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Norte.
Uma
das melhores figuras humanas que esta unidade federativa já ofereceu ao mundo,
João Maria faleceu pela manhã, depois de prolongada e muito sofrida luta pela
vida. Havia pelo menos três anos ele lutava sem quartel, aqui, em São Paulo,
Belo Horizonte e outros centros onde os recursos da medicina pareciam oferecer
mais por sua saúde.
Passagens
da vida de João Maria, notadamente como cirurgião no Hospital Universitário
Onofre Lopes, o projetaram como um dos mais competentes e principalmente ciosos
profissionais da medicina no Rio Grande do Norte.
Muitos
dos depoimentos que me foram apresentados por ex-pacientes me levaram a
escolhê-lo como “Médico do Ano” quando assinava uma das mais lidas colunas diárias
da imprensa do Rio Grande do Norte, num dos tempos áureos do matutino “Diário
de Natal!.
Quase
vizinhos em Tirol, ele morando na esquina da rua Maxaranguape com a avenida
Afonso Pena, e seu colega de bancos escolares, testemunho por atitudes que lhe presenciei, na infância, na
puberdade, na juventude e na fase adulta, como um dos melhores caráteres que
conheci, inclusive nas horas mais largas da doce irresponsabilidade, quando
João Maria, meu colega fundador do blogo “Xafurdo”, tentava, já com mais de cinqüenta
anos, resgatar o saudoso carnaval de Natal com a sua AASCUGAL, Associação de
Assopradores de Cú de Galo.
Sofro
à distância com esta perda, e quero nesta hora me associar à sua inseparável
companheira de todas as situações, Gina, e aos filhos Bia e Pedro, a quem ele sempre
orientou no sentido de serem cidadãos exemplares, sem qualquer afetação ou
artificialidade, solidarizando-me com eles e ao mesmo tempo apresentando uma
observação.
Imagino
que o Criador lhes proporcionará logo o conforto, até porque o desencarne deve
ter sido uma libertação para um João Maria que vinha sofrendo muito. Sei,
também, que em outra dimensão, para cujo acesso ele deve ter recebido muito boa
preparação espiritual, João Maria estará muito bem. Até o imagino sendo recebido por
dona Suzete e padre Orígenes, seu pai, assim como pelo grande companheiro de
infância que foi seu irmão Pedro e pelos legendários sacerdotes da família, o
cônego Luiz Monte e o grande arcebispo Nivaldo, que ele chamava pelo diminutivo
carinho da família.
Agradecendo aos amigos Cid Montenegro e Ronaldo Azevedo pela iniciativa de me informar a respeito, quero então apresentar aqui meu pedido a Gina, Bia e Pedro. Peço-lhes que enxuguem as lágrimas o mais brevemente possível,
pois a dor que sentem hoje, pela perda, é ínfima diante do imenso privilégio de
que desfrutaram a vida toda, por contar com a maravilhosa companhia da dignidade, da sapiência, do bom humor e da imensa solidariedade que se prodigalizavam em João
Maria.
Postado às 14h32m de quarta-feira 130327.
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