Rio Grande do Norte deve uma
homenagem à altura de Roberto.
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Desde
a deflagração do movimento militar de 1964, Roberto esteve para o Rio Grande do
Norte como o legendário Heráclito Sobral Pinto, em termos de defesa forense dos
alvos do regime, e como o inesquecível Oscar Pedroso Horta na luta pela volta
do estado de direito através da ação parlamentar.
Incontáveis
são os eventos de que participou ou mesmo protagonizou, praticamente sozinho,
enquanto toda a elite política do Estado se aliava aos golpistas. Muitos destes
momentos foram marcados por gestos de coragem cívica.
Acompanhante
de Roberto em algumas dessas situações, asseguro também que em certas ocasiões
ele mostrou mais coragem física do que recomendariam as pressões em
contrário.
Nunca
sai de minha lembrança uma madrugada do governo Cortez Pereira em que a polícia
militar cercou a Casa do Estudante, à procura de três de seus líderes, e ao
sabermos da situação fomos informar Roberto em sua residência da rua Princesa
Isabel, onde ainda tínhamos o privilégio de desfrutar da amizade de suas irmãs,
ainda vivas, e principalmente de seus pais, o combativo desembargador João
Maria Furtado e a alegre, tenra e ao mesmo tempo rija dona Jacyra dos Brandão
de Dom Avelar.
Ainda
de pijama, Roberto foi comigo à Casa do Estudante e enfrentou a polícia com sua
autoridade moral, entrou no estabelecimento e voltou para sua Rural Willys com
os três perseguidos. Sua integridade era tamanha que levou os três para a casa
do então deputado estadual Benvenuto Pereira, irmão de Cortez, garantindo
finalmente a incolumidade dos estudantes.
Hoje
em dia, quando colaboracionistas de então pintam como heróis da
redemocratização, é indispensável que separemos o joio do trigo, e uma
homenagem a Roberto Furtado pode servir muito a este propósito. Está em
tempo.
Postado às 13h43m de quarta-feira 130605.
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